xmlns:fb='http://www.facebook.com/2008/fbml' BR - Robótica: ROBÓTICA COMO INSTRUMENTO EDUCACIONAL

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

ROBÓTICA COMO INSTRUMENTO EDUCACIONAL


O auxílio de aparatos tecnológicos como mediadores do aprendizado, além de servir como instrumento motivacional, tornou-se uma eficiente ferramenta para a disseminação do conhecimento

Fonte: Folha de Pernambuco


O auxílio de aparatos tecnológicos como mediadores do aprendizado, além de servir como instrumento motivacional, tornou-se uma eficiente ferramenta para a disseminação do conhecimento. Esta nova dinâmica, ao mesmo tempo, também possibilitou que os arcaicos modelos pedagógicos começassem a se dissipar, dando lugar, aos poucos, a um novo e menos enfadado sistema, com conteúdo, habilidade e práticas readaptadas. Dentro deste processo inclui-se a robótica, que começa a ser vista não apenas como ciência, mas, também, como instrumento de edificação do aprendizado. Apesar do progresso, no Brasil, a ferramenta ainda carece de materiais mais acessíveis e que proporcionem a sua democratização. 

Utilizada também como suporte de reforço ao ensino tradicional, a robótica educacional se estabeleceu, ao longo dos anos, como ferramenta exploradora das responsabilidades e competências dos estudantes, atribuídas com base nos desafios, sobretudo tecnológicos, empreendidos pelo mercado de trabalho. A robótica utilizada como instrumento pedagógico possibilita não apenas o primeiro contato do jovem com conceitos iniciais de programação de software, mas também estimula a criatividade, na busca de soluções dos problemas, a promoção de conceitos multidisciplinares e estímulo do senso crítico, aguçado pela necessidade do grupo em ratificar ou contestar hipóteses na construção dos dispositivos robóticos. Entretanto, como fazer para que esses aspectos estimulados pela robótica ganhem adesão maciça? 

Além dos desafios de capacitação com professores, talvez a resposta mais plausível, levando-se em consideração a realidade brasileira, indica a direção do uso de soluções livres, tanto de software como de hardware. A alternativa abre caminho para a difusão da robótica a baixo custo, em substituição aos kits comerciais padronizados, utilizados pela maioria dos projetos em ambiente Escolar. Algumas iniciativas como, por exemplo, a do projeto MNerim, criado pelo cientista da computação, Henrique Forasti, começam a ganhar espaço. O trabalho visa a implantação de uma oficina de robótica livre nas Escolas públicas, além de funcionar como espaço de colaboração, aprimoramento e difusão da plataforma, baseada em soluções livres. 

"A principal função deste projeto é permitir que alunos, principalmente os menos abastados, tenham acesso à tecnologia através da robótica. Precisamos levar esse instrumento para aEscola e criar novas referências pedagógicas", afirma Forasti, que começou a desenvolver o projeto em 2005, no departamento de Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). "A ideia não é ensinar os alunos a desenvolverem sistemas complexos, mas estimular a vontade de aprender a montar e operar robôs utilizando plataformas livres", conta Forasti, que está bancando todo o material para a implantação do projeto piloto naEscola Municipal Manoel Bandeira, localizada na Ilha do Leite, Zona Central do Recife. 

Segundo o cientista, o trabalho será desenvolvido no modo oficina, com alunos do ensino fundamental e médio. "Pretendo manter encontros frequentes com os professores para que eu possa instruí-los e eles me auxiliem nas aulas". A oficina começa no dia 22 de julho, data em que os alunos regressam do recesso. Além da oficina, também será realiza uma palestra, no mês de agosto, para apresentação do trabalho à comunidade, professores,alunos, pais, empresas e demais interessados em participar. 

Assim como o MNerim, outro projeto baseado em soluções livres é o Robótica Livre, do também mineiro e especialista em robótica pedagógica, Danilo César. O trabalho, além de estimular o uso de softwares abertos, como Linux e outros aplicativos, incentiva a utilização de sucatas e materiais recicláveis na construção dos robôs, sobretudo, dentro das Escolas. "Visamos desenvolver um trabalho de acordo com a realidade das Escolas e dos alunos. Com a utilização de plataformas livres, os participantes são instigados a criarem soluções sem ficarem presos às limitações de kits comerciais, permitindo que o processo seja alterado, dependendo da sua necessidade", afirma o empreendedor do projeto, iniciado naEscola Municipal Caio Líbano Soares, em Belo Horizonte. O trabalho foi um dos vencedores do antigo Prêmio Telemar, em 2007. Hoje, Danilo tenta implementar o projeto em Escolas públicas da Bahia. 

Objetos como motores de impressoras, peças de brinquedos inutilizados, drives de disquetes e motores contínuos de CD-Roms são transformados em artefatos robóticos no Projeto Robótica Livre. 


Projetos estimulam ingresso na tecnologia 

As constantes transformações do mercado de trabalho passou a exigir do profissional do novo milênio uma relevante base de conhecimento. Além disso, o novo panorama necessita também da utilização plena da capacidade criativa e da postura empreendedora, características essenciais que devem estar presentes no perfil de quem deseja ingressar na carreira de tecnologia. 

A estudante da 4ª série do ensino fundamental, Manuela Dias, de 9 anos, explana assuntos que vão desde a arquitetura implementada na elaboração do seu carro-robô, até noções de software. "Eu acabei de criar um carro modificado, com a utilização de sensores de movimento, que guiam o veículo na pista", diz a jovem, que havia acabado de montar o seu robô. Detalhe: ela construiu em apenas uma hora. "Meu sonho é fazer engenharia mecatrônica", afirma com segurança. 

Também em uma hora, os estudantes Gustavo Camargo e Pedro Brant, ambos de 13 anos e alunos da 6ª série, criaram uma espécie de casa inteligente. "Através de sensores de toque e de som, o movimento é captado e repassado para o software que, automaticamente, executa a ação", afirma Gustavo. Ao lado, o estudante Gabriel Mendes, que elaborou uma máquina para escavação, impressiona pela sua capacidade dialética: "Através de comando dos motores na plataforma NXT, consigo fazer com que os sensores captem o movimento e peso da carga e realizem a tarefa". Os quatro fazem parte da equipe de robótica do Colégio Fazer Crescer. 

No Colégio Apoio, um dos destaques é o estudante Bruno Amorim, de 13 anos. Em parceria com a professora de robótica Vancleide Jordão, ele pretende criar uma cabine de diversão. Como? "Já elaborei todo o orçamento, objetivos e planilhas necessárias para a criação do equipamento", explica. Com propriedade, Bruno diz quais são atributos necessários na robótica: "Criatividade e entrosamento são essenciais". Ele, que já representou a Escola numa competição de robótica, no Japão, também pretende trilhar o caminho da tecnologia. 


Secretaria de Educação do Recife quer ampliar robótica nas escolas 

Em meados de 2009, a Escola Municipal Padre Antônio Henrique, situada no bairro do Derby, foi agraciada pela Diretoria de Tecnologia em Educação e Cidadania (DGTEC), da Secretaria de Educação do Recife, com o recebimento de kits para o início dos trabalhos com robótica e como forma de estímulo para a participação da etapa regional da First Lego League (FLL). O negócio acabou dando certo e, em apenas 45 dias, não apenas conseguiu elaborar o projeto para participar da competição, como também se tornou a primeira Escola pública de Pernambuco a participar da fase nacional da FLL. Após o sucesso na Antônio Henrique, a secretaria estuda, agora, ampliar a robótica na rede municipal de ensino.De acordo com a pedagoga do DGTEC e tutora da equipe que representou a Escola, Deise Barreiros, a intenção é que ainda este ano, cerca de 10 Escolas municipais do 3º e 4º ciclo adotem a disciplina. "Não queremos deixar que o conteúdo morra. Recentemente, fomos até Curitiba para analisamos e conhecermos alguns métodos que podem ser implementados nas Escolas municipais do Recife", explica. O projeto participante na FLL 2009 da Escola Antônio Henrique foi elaborado pelos estudantes Arthur Barbosa, Mariana Luiza, Sthefany de Souza, Miquéias Cardoso e Rayane Altenkirch. O trabalho resultou na criação de um robô capaz de simular uma drenagem às margens do Rio Capibaribe, recolhendo garrafas pet e outros resíduos sólidos. 

"O que nos deixou mais entusiasmados foi o comprometimento dos estudantes. A robótica apresentou a eles um novo perfil de ensino para a Escola, tornando o aprendizado mais prazeroso e lúdico", diz a pedagoga do DGTEC e tutora da equipe que representou a Escola, Deise Barreiros. Segundo ela, o instrumento não possibilitou somente a integração entre disciplinas das ciências exatas. "Durante a elaboração do projeto, por exemplo, os alunos tiveram que fazer resgates históricos, além de desenvolver conceitos de relacionamento em equipe e terem a postura empreendedora estimulada", enumera. 

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